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Álvaro de Campos

Álvaro de Campos é um dos heterónimos mais conhecidos de Fernando Pessoa e é o mais parecido com este, sendo, portanto, o seu verdadeiro Alter Ego.

Álvaro de Campos nasceu em Tavira a 15 de outubro de 1890 e formou-se em Engenharia Naval. Fisicamente era alto, magro, entre branco e moreno e com cabelo liso. Este heterónimo surge em Fernando Pessoa quando não sabe o que escrever e escreve em prosa e razoavelmente o português. Uma das obras mais conhecidas deste heterónimo é o poema "Tabacaria", que publicou em 1928.

As fases de Álvaro de Campos

Primeira fase
Terceira fase
Segunda fase

Características Formais 

- Irregularidade estrófica;

- Irrregularidade métrica com versos maioritariamente longos;

- Irregularidade rimática com versos maioritariamente soltos ou brancos;

- Linguagem simples, objetiva e concreta;

- Privilégio do presente do indicativo;

- Pontuação expressiva;

- Sintaxe expressiva;

- Recursos expressivos predominantes: aliteração, anáfora, apóstrofe, enumeração, gradação e metáfora.

Leitura do Poema

Bicarbonato de soda

1    Súbita, uma angústia…
    Ah, que angústia, que náusea do estômago à alma!
    Que amigos que tenho tido!
    Que vazias de tudo as cidades que tenho percorrido!
5   Que esterco metafísico os meus propósitos todos!

 

     Uma angústia,
    Uma desconsolação da epiderme da alma,
    Um deixar cair os braços ao sol-pôr do esforço…
    Renego.
10 Renego tudo.
    Renego mais do que tudo.
    Renego a gládio e fim todos os Deuses e a negação deles.


    Mas o que é que me falta, que o sinto faltar-me no estômago e na circulação do sangue?
    Que atordoamento vazio me esfalfa no cérebro?

 

15  Devo tomar qualquer coisa ou suicidar-me?
    Não: vou existir. Arre! Vou existir.
    E-xis-tir…
    E–xis–tir…

     Meu Deus! Que budismo me esfria no sangue!

20 Renunciar de portas todas abertas,
    Perante a paisagem todas as paisagens,

     Sem esperança, em liberdade,
    Sem nexo,
    Acidente da inconsequência da superfície das coisas,
25 Monótono mas dorminhoco,
    E que brisas quando as portas e as janelas estão toda abertas!
    Que verão agradável dos outros!

     Dêem-me de beber, que não tenho sede!

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