top of page
82093370_2304447019656970_6026289426429116416_n.png

Alberto Caeiro

  Nasceu em Lisboa, em 1889 e morreu em 1915. Foi criado por uma tia numa quinta no Ribatejo, pois tinha ficado órfão dos pais desde muito cedo. 
  Era louro de olhos azuis, cara rapada, estatura média, frágil pois tinha tuberculose. Na sua educação apenas fez a instrução primária, e não tinha profissão. 
Caeiro aparece para Pessoa no dia 8 de maio de 1914 de uma maneira inesperada e fá-lo escrever mais de três dezenas de poemas de uma vez. É um poeta dirigido pela simplicidade e coisas puras, sendo conhecido como "O poeta bucólico". 

Temáticas e marcas do estilo Alberto Caeiro

Características da poesia de Alberto Caeiro

- Ausência das preocupações estilísticas;
- Linguagem simples, familiar, e por vezes tautológica (linguagem próxima da infantil);
- Uso da adjetivação objetiva;
- Recurso a frases simples ou coordenadas;
- Libertação estrófica, verso livre, métrica irregular.

II - O meu olhar é nítido como um girassol

Leitura do poema

O meu olhar é nítido como um girassol.

Tenho o costume de andar pelas estradas

Olhando para a direita e para a esquerda,

E de vez em quando olhando para trás...

E o que vejo a cada momento

É aquilo que nunca antes eu tinha visto,

E eu sei dar por isso muito bem...

Sei ter o pasmo essencial

Que tem uma criança se, ao nascer,

Reparasse que nascera deveras...

Sinto-me nascido a cada momento

Para a eterna novidade do Mundo...

 

Creio no Mundo como num malmequer,

Porque o vejo. Mas não penso nele

Porque pensar é não compreender...

O Mundo não se fez para pensarmos nele

(Pensar é estar doente dos olhos)

Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo…

 

Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...

Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,

Mas porque a amo, e amo-a por isso,

Porque quem ama nunca sabe o que ama

Nem sabe porque ama, nem o que é amar...

 

Amar é a eterna inocência,

E a única inocência é não pensar...

bottom of page